Editorial
As presentes publicações (n.º 35 e 36 dos Cadernos do IUM), sob coordenação do Professor Doutor Armando Marques Guedes e do Tenente-coronel de Artilharia Ricardo Dias da Costa, resultam dos trabalhos desenvolvidos pelos Oficiais auditores do Curso de Estado Maior Conjunto 2018/19 no âmbito da Unidade Curricular de Geopolítica da Área de Estudo das Crises de Conflitos Armados.
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Os trabalhos daí decorrentes, permitiram aos auditores do curso aprofundar o seu conhecimento sobre os conflitos nesta região, onde diversos atores da comunidade internacional estão presentes e em que o instrumento militar é frequentemente empregue, tendo por isso contribuído significativamente para finalidade do curso em qualificar oficiais superiores das Forças Armadas e da Guarda Nacional Republicana (GNR) para o desempenho de funções em estados-maiores conjuntos nacionais e internacionais, nas estruturas superiores das Forças Armadas e da Defesa Nacional, e em organizações nacionais e internacionais.
Nesse sentido, considero que estes dois volumes dos Cadernos do IUM concorrem para a afirmação do IUM como instituição de referência no âmbito das ciências militares no contexto universitário nacional e internacional.
Lisboa, 11 de julho de 2019
Tenente-general Manuel Fernando Rafael Martins
Comandante do Instituto Universitário Militar
Artigos
Resumo
O presente trabalho insere-se na Unidade Curricular de Geopolítica, do Curso de Estado-Maior Conjunto 2018/2019, e está subordinado ao tema, “A Arábia Saudita: dimensões das intervenções no ´Grande Médio Oriente` Alargado”, enquadrando-se no domínio das Ciências Militares.
O objeto de estudo deste trabalho é a Arábia Saudita (AS), a multiplicidade e dimensionalidade das suas intervenções no “Grande Médio Oriente” (GMO).
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A delimitação desta investigação será materializada pelos domínios temporal, espacial e conceptual (Santos, et al., 2016, p. 44). Temporalmente, o estudo encontra-se limitado a partir de 1871, onde o império Otomano ganha controlo da província de Hasa e expulsa a família Al Saud, levando-a ao refúgio no Kuwait. Ao nível espacial, investigamos a AS e os atores regionais e globais com os quais mantém relações de diversas ordens. Quanto ao conteúdo, a presente investigação centrou-se na caraterização geopolítica da AS e na análise das suas intervenções nos conflitos do Grande Médio Oriente Alargado.
Palavras-chave
Arábia Saudita, Grande Médio Oriente, Geopolítica.Autor(es) (*)
Diogo Lourenço SerrãoPedro Miguel Gonçalves Pereira
Ricardo Filipe da Silva Cortinhas
Resumo
A conflitualidade atual que se vive no Grande Médio Oriente (GMO), tem como causa principal os desenvolvimentos políticos do pós Segunda Guerra Mundial (SGM). Basicamente, as causas dessa conflitualidade podem ser resumidas a três acontecimentos:
A criação do Estado de Israel, em 1948, como forma de solucionar o ódio pelos judeus, levou a que muitos árabes e muçulmanos passassem a ver os judeus como invasores;
A Guerra Fria, com o embate entre o comunismo e o capitalismo, através da disputa entre os Estados Unidos da América (EUA) e a União Soviética, com vista à obtenção da hegemonia global, veio piorar as relações no médio oriente. As duas superpotências financiavam governos ou grupos rebeldes, dentro de cada país na região, conforme os seus interesses particulares;
A divisão interna do islão, caracterizada por dois entendimentos diferentes da religião (sunitas e xiitas).
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É neste contexto que a Turquia, na qualidade de um dos principais atores na região, tem um papel importante nos atuais conflitos do GMO. Assim, este trabalho tem como objeto de estudo a Turquia, com vista à caracterização dos seus interesses no GMO do ponto de vista geopolítico, bem como a análise da sua intervenção nos atuais conflitos do GMO.
Palavras-chave
Turquia, Grande Médio Oriente Alargado, Conflitos, Geopolítica.Autor(es) (*)
Nuno Gonçalo Jacinto MarçalPedro Manuel Monteiro Fernandes
Resumo
Atualmente para analisar a postura dos Estados Unidos da América (EUA) no Médio Oriente (MO), atendendo aos interesses globais daquela que é ainda e por agora a superpotência mundial, obriga a uma interpretação mais lata da região estendendo aos limites ocidentais da Ásia e ao continente Africano, naquilo que ficou conhecido pelo termo Grande MO” Alargado (GMOA).
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Entre avanços e recuos da política externa dos EUA na região, assistiu-se ao estabelecimento de novas alianças (para além dos já citados Egito e Arábia Saudita, também o Bahrein e os Emirados Árabes Unidos) e a um esmorecimento da relação com o Qatar e com a Turquia, atores relevantes no equilíbrio de poder regional, designadamente para fazer face ao Irão (considerado o maior desestabilizador) e aos efeitos do conflito Sírio.
Palavras-chave
EUA, Grande Médio Oriente Alargado, Conflitos, Geopolítica, Política Externa.Autor(es) (*)
Miguel Ângelo Reis Alves AmorimRicardo Jorge Parcelas Araújo e Silva
Resumo
O modo como a Rússia intervém na região, em defesa e promoção dos seus interesses, só vem adicionar complexidade ao já emaranhado puzzle montado no GMOA (Freire, 2008, p. 144), sendo que o presente paper versa sobre a reentrada da Rússia nos conflitos do GMOA, tendo como objetivo caraterizar os interesses geopolíticos na região e analisar a intervenção nos conflitos do GMOA, tirando conclusões e apresentando breves prospetivas. Contudo, focar-se-á somente em países em conflito no GMOA onde a Rússia tem vindo a tomar parte, de forma mais ou menos ativa, tendo-se elegido a Síria, o Afeganistão, a Líbia e o Iémen, sendo coerente com a visão de que a Rússia não percecionou a Primavera Árabe como um evento holístico e suprarregional, mas antes avaliou o impacto em cada país e como essa agitação afetaria interesses russos, conforme afirmado por Zvyagelskaya (Ferrari, et al., 2016, p. 76).
Palavras-chave
Rússia, Grande Médio Oriente Alargado, Conflitos, Geopolítica.Autor(es) (*)
Antero de Aguiar Marques TeixeiraLucília de Jesus Mendes da Silva
Resumo
Pretende-se, no presente trabalho, apresentar uma reflexão sobre as crises humanitárias, grupos vulneráveis, migrações, nos conflitos no ‘Grande Médio Oriente’ Alargado. Como objetivo central serão analisadas as crises humanitárias, os grupos vulneráveis, e as migrações, bem como as suas implicações para a segurança internacional.
Face ao objetivo central definido, e desenvolvidos em cada capítulo do trabalho, procurar-se-á abordar os seguintes objetivos específicos: determinar os conceitos e a contextualização das migrações na atualidade; apresentar as causas das alterações dos fluxos migratórios; enunciar a resposta da UE à crise dos migrantes; e, por último, descrever as migrações como um problema de segurança.
Palavras-chave
Grande Médio Oriente Alargado, Crises Humanitárias, Grupos Vulneráveis, Migração, Segurança Internacional.Autor(es) (*)
José Arlindo Varela PereiraLuís Miguel Rebola Mataloto
(*) NOTA: A ordem alfabética de apresentação dos autores pode não corresponder à ordem formal que se encontra no artigo.