Editorial
O conteúdo desta publicação é complementar a dois livros da Coleção “ARES” apresentados no Instituto Universitário Militar (IUM), em 27 de setembro de 2018 (Santos, Sarmento, & Fachada, 2018) e em 06 de dezembro do mesmo ano (Santos, & Rijo, 2018) e a alguns estudos que, mais recentemente, têm sido realizados pelo Ministério da Defesa Nacional (MDN) e pelos ramos das FFAA (e.g., CPAE, 2016; DGPRM, 2012 e 2017; EMA, 2017), bem como por investigadores independentes, que têm publicado na Revista de Ciências Militares e na Coleção “ARES” do IUM (Bragança, & Santos, 2018; Rijo, Marreiros, Mairos, & Paquete, 2018; Rosa, & Martins, 2018; Santos, 2015; Santos, & Sarmento, 2018b, 2019a; Silva, & Costa, 2018) e em outras publicações científicas (Santos, & Sarmento, 2018a; Santos e Sarmento, 2019b, 2019c).
Os três trabalhos que compõem esta obra integram-se numa das áreas científicas do domínio nuclear das Ciências Militares – Comportamento Humano e Saúde em Contexto Militar – e estão associados a um Projeto de Investigação, que tem como instituição de acolhimento o Centro de Investigação e Desenvolvimento do Instituto Universitário Militar (CIDIUM), intitulado “Prestação de serviço militar em Regime de Contrato nas Forças Armadas portuguesas: do recrutamento à reintegração socioprofissional”.
Artigos
Resumo
As Forças Armadas portuguesas vivem momentos de grande transformação no que concerne à forma como dirigem os seus processos de recrutamento e seleção dos potenciais candidatos, impulsionadas pela transformação digital e pela chegada da geração Z ao mercado trabalho. Os avanços tecnológicos permitem que as pessoas estejam permanentemente ligadas à internet e aos medias sociais através de computadores, smartphones e tablets, que a par com a geração Z, considerados como nativos digitais, que não sabem o que é viver sem acesso à internet, tem originado alterações na forma como as Forças Armadas procuram atrair, recrutar e manter os jovens nas fileiras. O presente trabalho, tem como objetivo propor contributos para uma estratégia de recrutamento e seleção digital nas Forças Armadas portuguesas, com o intuito de contribuir para a melhoria destes processos. Através de um raciocínio indutivo, consubstanciado numa estratégia qualitativa e baseado num estudo de caso, realizaram-se entrevistas semiestruturadas para possibilitar induzir algumas conclusões. Verifica-se que os processos de recrutamento e seleção nas Forças Armadas passarão por uma, cada vez maior, utilização das ferramentas digitais, bem como pela adoção de boas práticas, mas garantindo sempre a necessidade do contacto presencial com os candidatos. Apresenta-se como contributos para uma estratégia de recrutamento e seleção digital, a manutenção de uma presença digital robusta no ecossistema digital, desenvolver a marca do empregador através de uma comunicação estratégica eficiente, desenvolver e otimizar as suas redes sociais online e portais de recrutamento, bem como conteúdos, para dispositivos móveis com design apelativo. Os contributos para essa estratégia, também, devem passar pela adoção de chatbots dotados de inteligência artificial, para permitir disponibilidade total de comunicação com os potenciais recrutados, e pela utilização da gamificação através de jogos e simulações para captar a atenção dos jovens.
Palavras-chave
Ferramentas digitais, recrutamento e seleção, tendências emergentes.Autor(es) (*)
Nuno Miguel Brazuna RanholaRaúl Carvalho Morgado
Resumo
Este trabalho tem como objetivo geral formular propostas que potenciem a atratividade organizacional das Forças Armadas no processo de recrutamento normal da categoria de Praças em regime de voluntariado e contrato, tendo como base a comparação com a atratividade das Forças de Segurança. O objeto de estudo desta investigação é a atratividade organizacional das Forças Armadas, tendo sido analisada a capacidade de atrair candidatos para o ingresso nos cursos de formação de Praças, Guardas e Agentes. A metodologia adotada segue um raciocínio indutivo, assente numa estratégia de pesquisa qualitativa, substanciada num desenho de pesquisa comparativo. Seguiu-se um modelo de análise estruturado nas dimensões Candidatura, Imagem e Recompensas, de modo a permitir a recolha, comparação e confrontação das caraterísticas institucionais e a identificação de linhas de ação que possam melhorar a capacidade de atrair candidatos para as Forças Armadas. Concluiu-se que as principais linhas de ação para aumentar a atratividade são: a alteração dos atuais requisitos de admissão, a valorização da formação profissional, uma política de coordenação e partilha dos meios e ações de recrutamento entre ramos, proatividade nas políticas de divulgação, aumento da remuneração base, atribuição de suplementos remuneratórios e redefinição dos tempos máximos de contrato para aumentar a estabilidade profissional.
Palavras-chave
Recrutamento, Atratividade Organizacional, Forças Armadas, Forças de Segurança.Autor(es) (*)
Carlos Filipe Henriques PereiraPaulo Jorge André Serra
Resumo
O Exército Português compete no mercado de trabalho por jovens que procuram oportunidades para iniciar uma carreira que concilie as dimensões pessoal e profissional. O efetivo das Praças tem diminuído desde 2014, acentuandose em 2017, maioritariamente, pelas rescisões e não renovações de contrato, que atualmente se prolonga até um máximo de sete anos. A aprovação do Decreto-Lei n.º 75/2018, de 11 de outubro, permitirá uma permanência nas fileiras até 18 anos, constituindo-se como medida para melhorar a retenção de efetivos. O estudo que seguiu uma estratégia de pesquisa qualitativa, assente num raciocínio indutivo, visa propor um modelo de carreira para a categoria das Praças do Exército, tendo sido analisados os modelos da Marinha Portuguesa e dos Exércitos Espanhol, Francês, Belga e do Reino Unido, identificando-se pontos positivos e boas práticas, para, numa ótica de benchmarking, de acordo com as dimensões do modelo de análise, Recrutamento, Retenção e Reintegração, elaborar a base de um modelo de carreira. Resultante da investigação, verifica-se que um modelo sólido que permita competir no mercado de trabalho deverá assentar num percurso profissional estruturado, na formação e qualificações certificadas, providenciando uma remuneração ajustada às funções desempenhadas de forma equitativa com o restante mercado de trabalho.
Palavras-chave
Carreira, Exército, Praças, Recrutamento, Retenção, Reintegração.Autor(es) (*)
Rui Miguel Pinho Silva(*) NOTA: A ordem alfabética de apresentação dos autores pode não corresponder à ordem formal que se encontra no artigo.